Fui assistir ao jogo entre Vasco e Santos em um bar perto de casa. O jogo em si foi terrível, mas um torcedor em especial me chamou a atenção. Era um vascaíno fanático. Durante o jogo pulava e gritava freneticamente. Zero a Zero, jogo chato, e o homem não calava a boca, até que teve um pênalti a favor do Vasco. O homem simplesmente virou as costas para a TV e abaixou a cabeça. Não quis ver a cobrança de forma alguma.
Gooool. O bar explodiu em um grito uníssono. O homem não se virou para ver o lance, não gritou, simplesmente continuou com a cabeça baixa e chorou copiosamente. Não viu o restante do jogo, apenas continuou chorando, durante uns vinte minutos.
Terminado o jogo ele secou as lágrimas, deu uma boa golada na cachaça, e disse, que belo gol do Leandro Amaral, que craque. Expliquei-lhe que quem havia feito o gol era o Edmundo. Eu sabia, só podia ser ele, falei que ele ia fazer o gol. E mais cachaça, agora um gole dos gordos, daqueles que enchem a boca e lavam a alma. O Vasco é minha vida, minha maior alegria, o Roberto Dinamite (presidente do Vasco da Gama) deveria ser presidente do Brasil, ele é a melhor pessoa do mundo, hoje é o dia mais feliz da minha vida.
Se levantou trançando as pernas, foi para casa, com a inclinação da Torre de Pizza. Na saída ainda disse, hoje minha mulher vai me por pra dormir na sala de novo.
Este fato me levou a pensar sobre a felicidade, como é simples e complicada. Simples pelo fato de alcançá-la nas pequenas coisas, como um simples jogo de futebol. Complicada porque normalmente está atrelada a correspondência de fatores que fogem ao nosso controle, como a reciprocidade de uma paixão, o time do coração corresponder a nossa expectativa.